Diretores da Fast Shop fecham acordo com Ministério Público para pagar R$ 100 milhões em multas
16/09/2025
(Foto: Reprodução) Dinheiro apreendido em operação do MP
Reprodução/TV Globo
Diretores da Fast Shop firmaram acordo com o Ministério Público de São Paulo e vão pagar R$ 100 milhões em multa depois que uma operação desarticulou um esquema de corrupção envolvendo auditores fiscais tributários da Secretaria da Fazenda e a empresa.
A ação ocorreu no dia 12 de agosto deste ano e identificou que empresários pagavam a auditores fiscais da Sefaz para acelerar o ressarcimento de créditos de ICMS. O diretor da Fast Shop, Mario Otávio Gomes, e o dono da Ultraforma, Sidney OIiveira, foram presos.
De acordo com o Ministério Público, o acordo prevê que a empresa pague R$ 100 milhões a título de prestação pecuniária penal e será obrigada a devolver os valores desviados.
"Importante ressaltar ainda que esses valores estão sendo pagos pelas pessoas físicas. Mas, além disso, ainda é possível que exista uma responsabilização por meio da lei anticorrupção da pessoa jurídica da Fast Shop e, além desses valores, A fast shop ainda vai ser obrigada a ressarcir os cofres públicos em relação aos valores que ela obteve de créditos de ICMS de forma indevida", disse João Ricupero, promotor de Justiça.
Conforme Ricupero, o grupo se comprometeu a implementar um programa de compliance dentro da Fast Shop.
Em nota, a Fast Shop confirma a existência dos acordos noticiados. "Estes acordos refletem o seu compromisso com seus valores éticos e morais. As obrigações assumidas nos referidos acordos são de responsabilidade das pessoas físicas que os assinaram, mas é oportuno dizer que a empresa tem colaborado integralmente com as autoridades", afirmou.
E complementa: "Em paralelo, o nosso novo CEO, Rodrigo Ogawa, vem liderando um ciclo de renovação do negócio, com foco no fortalecimento da governança, da cultura de compliance e na melhoria constante da eficiência operacional".
Como esquema funcionava
Pacote de esmeraldas e de dinheiro apreendidos na operação do MP
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De acordo com o Ministério Público, os fiscais Artur Neto e Marcelo de Almeida Gouveia recebiam propina para agilizar e inflar ressarcimentos de créditos de ICMS devidos à Fast Shop, entre outras empresas.
O pagamento era feito por meio da empresa Smart Tax, registrada em nome de Kimio Silva, mãe de Artur Neto. Segundo os promotores, era uma empresa usada apenas para disfarçar o dinheiro ilícito.
As investigações apontam que contratos simulados e notas fiscais frias foram utilizados para justificar os repasses milionários. O valor pago em propina era depois incorporado aos créditos fiscais da Fast Shop que, além de recuperar os recursos, ainda revendia parte desses créditos a outras empresas.
Em 21 de agosto, Artur foi exonerado da Secretaria de Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (Sefaz-SP).
No esquema, segundo as investigações, Artur atuava facilitando e fraudando o processo de ressarcimento de créditos tributários — especificamente o ICMS — para grandes empresas varejistas como Ultrafarma e Fast Shop em troca de propina.
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Segundo o MP, Artur coletava a documentação necessária, acelerava a aprovação dos pedidos para esse ressarcimento, e garantia que eles não fossem revisados internamente. Em alguns casos, os valores liberados eram maiores que os devidos, e o prazo para pagamento, reduzido.
O ressarcimento de crédito tributário é um direito do contribuinte que pagou a mais, mas o procedimento para recebê-lo é burocrático e complexo.
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Em troca, ele recebia propinas milionárias, que ultrapassam R$ 1 bilhão desde 2021, pagas por meio de empresas intermediárias, incluindo uma empresa fantasma registrada em nome da mãe do auditor.
Além de acompanhar o processo, o próprio auditor aprovava os pedidos e garantia que não seriam revisados internamente. Em alguns casos, liberavam valores superiores aos que as empresas tinham direito e em prazos mais curtos.
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Quem são os 7 réus
O Ministério Público acusou auditores e a mãe de um fiscal por envolvimento no esquema de corrupção na Secretaria da Fazenda e lavagem de dinheiro que desviou ao menos R$ 63,6 milhões dos cofres públicos entre 2021 e 2022.
A Justiça aceitou a denúncia do MP na íntegra e tornou réus as seguintes pessoas:
Artur Gomes da Silva Neto, auditor fiscal: por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Está preso;
Kimio Mizukami da Silva, mãe de Artur e dona formal da Smart Tax, empresa de fachada usada para receber propina: por lavagem de dinheiro. Cumpre medidas cautelares;
Marcelo de Almeida Gouveia, auditor fiscal: por corrupção passiva. Está preso;
Fatima Regina Rizzardi, auxiliar de Artur: por corrupção passiva. Cumpre medidas cautelares;
Maria Herminia de Jesus Santa Clara, auxiliar de Artur: por corrupção passiva. Cumpre medidas cautelares;
Celso Eder Gonzaga de Araújo, casado com Tatiane e operador do esquema: por lavagem de dinheiro. Está preso;
Tatiane da Conceição Lopes, casada com Celso e operadora do esquema: por lavagem de dinheiro. Está em prisão domiciliar.